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Mostrando postagens de dezembro, 2015

A Casa

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De repente dei por mim, deitado no banco de trás do carro. Não consigo lembrar se eu tenho uma lembrança mais antiga que essa, mas a sensação que tenho é que a vida acabara de começar. O mundo todo estava de cabeça para baixo: as nuvens pareciam um mar de algodão, as árvores pareciam plantas de outro planeta e os prédios, plantações esquisitas de concreto. Era uma sensação estranha e ao mesmo tempo boa, ver tudo ao contrário. Quando o carro parou, eu não conseguia tirar os olhos daquele muro de pedras amarelas. A graça da brincadeira era imaginar tudo certo, mesmo vendo de cabeça para baixo. Mas devido à inclinação da ladeira onde o carro havia parado, eu não pude. O muro não tinha início nem fim e confundiu meu cérebro. Me desvirei com ansiedade e então vi "A Casa". A parede de pedras amarelas que eu vira, era na verdade, a lateral do segundo andar (apenas). O muro que delimitava o terreno era muito maior e tinha um formato de escada engraçado. Dentro da garagem havi

Flechada

Com a respiração pesada e sem forças para sequer controlar os músculos da face, eu caminho. Me arrasto, passo a passo, como se o mesmo cupido que me acertara, agora me puxasse pelo peito, com toda força. É quase inacreditável como é difícil me locomover. Sinto-me fraco. Anseio por qualquer coisa que mantenha-me ocupado, mesmo sabendo que a realidade pode vir à tona. Ainda é melhor que deixar minha mente livre, solta para varrer lembranças agoniantes. Quando me deito, não sei mais o que pedir a Deus. Restaram apenas os porquês. Mas o tempo vai passar e o peso vai diminuir. As músicas vão perder o sentido, a comida vai voltar a ter gosto e toda a simbologia irá perecer. Me apaixonarei por uma mulher menos incrível. Beijarei lábios que não criam um mundo quando tocam os meus. E entrelaçarei os dedos com uma mão que não é tão pequena.  Mas jamais dançarei um abraço novamente.