A Casa
De repente dei por mim, deitado no banco de trás do carro. Não consigo lembrar se eu tenho uma lembrança mais antiga que essa, mas a sensação que tenho é que a vida acabara de começar. O mundo todo estava de cabeça para baixo: as nuvens pareciam um mar de algodão, as árvores pareciam plantas de outro planeta e os prédios, plantações esquisitas de concreto. Era uma sensação estranha e ao mesmo tempo boa, ver tudo ao contrário. Quando o carro parou, eu não conseguia tirar os olhos daquele muro de pedras amarelas. A graça da brincadeira era imaginar tudo certo, mesmo vendo de cabeça para baixo. Mas devido à inclinação da ladeira onde o carro havia parado, eu não pude. O muro não tinha início nem fim e confundiu meu cérebro. Me desvirei com ansiedade e então vi "A Casa". A parede de pedras amarelas que eu vira, era na verdade, a lateral do segundo andar (apenas). O muro que delimitava o terreno era muito maior e tinha um formato de escada engraçado. Dentro da garagem havi